Gatos envenenados no Sítio Cercado – No início do ano passado, dois gatinhos apareceram na minha casa. Uma gata e um gato, eles eram da antiga vizinha que não mais teve o interesse de cuidar deles e os deixou.
Fiquei condolente para com a situação dos bichanos, ao ver os dois filhotes desamparados, perguntei-me a mim mesmo: “Será que eu gostaria de ser deixado para trás?”.
Sabemos bem que ninguém gosta de ser excluído, abandonado e ainda esquecido em meio a uma longa estrada. Então, se eu que sou humano, que posso me virar, dar o meu jeito, sofreria, imagine o animal?
Adotei desde daquele dia os bichinhos, que ainda eram filhotes.
Mas quero frisar que desde 2005, eu prometi a mim mesmo que nunca mais teria um animal de estimação, desda morte do meu cachorro Sansão.
Mas, nesse caso, abri uma exceção mediante a gravidade dos problemas futuros que a gata e gato poderiam vir a enfrentar. Abrir à porta não só da minha casa para eles, mas também do meu coração.
A gata chamei de “Aninha”, ela era muito arteira e quando sentia a minha presença corria no intuito de esconder os erros, ou a arte que aprontara. Já o gato batizei de “Frajola”, ou só Fra.
Diferente da gatinha, o Fra, era um preguiçoso nato. Mas os dois eram muito queridos em todos os sentidos.
Com o passar dos dias, eu vi os filhotes ficando adultos, eles foram crescendo gradativamente. Era engraçado eu batia o portão para entrar em casa e eles poderiam estar onde estivessem, que como raio se aproximavam para subir as escadas comigo.
Foi assim por mais de um ano. Aos poucos, no decorrer dos dias, nos tornamo amigos. Frajola e Aninha passaram a fazer parte da minha vida. Eles já estavam inseridos no meu cotidiano e consequentemente me trazendo cuidados e preocupações. E claro, descontração e alegrias!
Cuidei deles oferecendo o melhor que tinha para os ofertar, dei casa, comida, água e ainda um espaço entre o vão das minhas pernas, em minha cama na hora de dormir. Não sei porque gatos gostam tanto de ficar ali.
Como aluguei um sobrado em cima de onde trabalho, os dois podiam também passar boa parte do dia perto de mim. A Aninha gostava de ficar na minha janela, o Frajola deitado de baixo da minha mesa. Eram dois bichinhos que não incomodava ninguém.
O Envenenamento da gata Aninha
Gatos envenenados no Sítio Cercado
Em março deste ano, na última semana do mês, numa noite de quinta-feira, a Aninha vomitou no corredor, por volta das 23h, não dei muita confiança, confesso. Afinal o bicho vomitar, não tem nada de anormal, até porque ela já tinha vomitado outras vezes.
Poderia ter comido algo que a fez mal, a gente também quando ingere algo que não desce bem, ficamos com mal estar.
Porém, ela desceu vomitou e não votou mais para minha cama. Como pode os bichos terem esse senso de proteção? Ou seja, se eles não estão bem, se afastam de você, talvez para te proteger do mal que os afligem? Sinceramente não sei!
No outro dia, ela estava quietinha sentada na casa do vizinho, pensei “se ela não melhorar, levarei ao veterinário”.
Não demorou muito e eu a vi andando normalmente, como sempre fazia, procurando o sol da manhã para se aquecer. Ela parecia bem, então aquela minha preocupação escapou da mente e logo me envolvi com os compromissos do trabalho.
Na hora do almoço eu a procurei, mas não a encontrei…
Rodei nas proximidades da região à procura dela, mas sem sinal. De novo me preocupei e uma angústia veio ao meu coração. Onde estaria aquela gatinha? Para onde ela teria ido?
Tive que retomar os meus afazeres no trabalho, mas incomodado com o sumiço dela. “Será que ela foi morrer longe de mim?”, esses pensamentos perambulavam por minha mente.
Então, por volta das 19h, ao sair do trabalho, eu a avistei no portão de um senhor, a alguns metros de distância da minha casa. Ela estava próximo a uma fonte de água. Ela estava fraca, suja e sem vigor…
Eu dei um banho nela e o mais rápido que pude a levei numa clínica veterinária 24h, a internei e tentei fazer o melhor por ela. Pedi a veterinária que tentasse salvar a vida daquela gata.
Mas não foi possível. Aninha, segundo a médica veterinária, tinha sido envenenada. A minha gatinha faleceu às 23h da noite de sexta feira, 12 horas depois que ela passou mal em casa.
O veneno matou a minha gata. Talvez, se eu tivesse sido mais ágil, mais inteligente e tivesse levado-a no momento que a vi de manhã, poderia ter salvo a vida dela. Mas como eu disse anteriormente, aquela não foi a primeira vez que ela vomitara.
Eu não tinha ideia que estavam envenenando os gatos no Sítio Cercado.
No sábado pela manhã, recolhi da clínica o corpo da bichinha e a sepultei num terreno baldio perto de casa.
“O adeus do Fra”
O irmão dela, o Frajola, não parava de miar. Ele rodava a casa inteira a procura da companheira de nascimento, até que uma semana depois da morte da Aninha, ele resolveu ir também.
Frajola apareceu na minha cama às 5h da manhã de domingo, veio até perto de mim, esfregou o focinho no meu rosto como um adeus e um muito obrigado.
Ele pulou da cama, comeu um pouco de ração, miou duas vezes e eu perguntei o que você quer Fra? E ele só se virou e se foi para nunca mais voltar…
Minha última lembrança dele é o seu rabo de guaxinim erguido para o alto, balançando com um adeus involuntário.
Acho muita covardia envenenar um bicho. “Ah, coloquei para o rato”, não tem justificativa, encontre outro modo de exterminar suas “pestes”. Nessa história, um animal inocente caba se vitimando. E isso, quando os covardes não dão veneno proposital.
“Mataram” minha gata e fizeram o meu gato ir embora, não existe na face do globo terrestre um ser existente mais maléfico do que os seres humanos.